A Quinta do Cabo das Lezírias pertence à Companhia das Lezírias, a maior companhia agrícola portuguesa, nascida em 1836, então Companhia das Lezírias do Tejo e Sado. Foi constituída por um grupo de empresários e proprietários da época com o objetivo de adquirir, em hasta pública, extensas propriedades das casas do Infantado, das Rainhas, da Patriarcal e da Coroa, que a rainha D. Maria II resolveu alienar para tentar equilibrar as finanças públicas.
A empresa pública Companhia das Lezírias, com mais de 18 mil hectares, situa-se entre os rios Tejo e Sorraia, está dividida pela chamada Reta do Cabo (E.N. entre Vila Franca de Xira e Porto Alto) e produz sobretudo vinho, cortiça, azeite e gado. Os territórios que ocupa são únicos, não só porque recobrem o importante aquífero da margem esquerda do Tejo, mas também porque dois terços daqueles se inserem em zonas classificadas, dos quais 11% na Reserva Nacional do Estuário do Tejo e na Zona de Proteção Especial, mantendo-se assim a lezíria do Tejo como espaço dual, rural e ambiental, na periferia da grande metrópole de Lisboa.
Passados mais de 180 anos da sua fundação, a Companhia das Lezírias continua à frente do seu tempo. As boas práticas agrícolas passam agora pela proteção integrada e modo de produção biológico, evitando insumos químicos que poluam o estuário e prejudiquem a avifauna.
O conjunto edificado da Quinta do Cabo das Lezírias, de ambiente rural, é constituído por antigos celeiros, estábulos, armazéns, depósito de água, silos de cereais, galinheiros, edifício subdividido com balneários e espaço de refeições para mulheres e outro tanto para homens (destacam-se dois conjuntos de lavatórios octogonais muito interessantes) e antigas pequenas casas unifamiliares (térreas, com diminutas divisões e pequeno alpendre).